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Ensino, educação, avaliação, metodologia, professor, aluno, entre outras palavras de mesma natureza, são sinônimas,enquanto consideradas como um todo, mas ao considerarmo-las isoladamente encontraremos seus respectivos significados.

Para referirmo-nos a maneira como as aulas são ministradas, utilizamo-nos de cinco artifícios, aos quais se dão o nome de Abordagens.

Dentre as respectivas, a Abordagem Tradicional merece ser enfatizada por ser a propulsora e a única a diferenciar-se das demais, sobretudo na relação professor-aluno e no próprio professor como profissional.

Sendo a mais antiga e a utilizada na época de formação escolar de nossos avôs e pais, caracteriza-se pelo teor ditatorial, em outras palavras, o professor é a única e máxima liderança dentro da sala de aula, exercendo, portanto, uma postura superior em relação ao aluno.

Dentro desse limite estabelecido, o professor atua apenas como mero transportador de conhecimentos, ou seja, é como se o fosse um projetor, refletindo seu conhecimento no aluno, e nada mais. Passados os respectivos, é preciso comprovar que o aluno realmente os adquiriu, para tanto é realizada uma avaliação na qual o mesmo tem de reproduzir minuciosamente o que foi dito pelo professor, se não o fizer, não estará apto para o ser considerado como tal, para passar de ano, para realizar trabalhos, enfim, para ser considerado cidadão.

Há algumas questões apontadas por estudiosos que dão margem a algumas interrogações muito pertinentes, polêmicas e reflexivas.

Para Synders e para essa abordagem, o Adulto, no caso o professor, é considerado um homem pronto, acabado, ou seja, já aprendeu o que lhe era necessário, enquanto o aluno é considerado um Adulto em Miniatura, ou seja, precisa ser atualizado, aprender com quem já o sabe. Há, entretanto, uma hipótese, ou melhor, uma réplica considerável: será que o Adulto realmente aprendeu e sabe tudo, e que, estando pronto, tem capacidade para ensinar?

Já para Savani o aluno, ausente dos conhecimentos passados pelo professor, é incapaz de construir seus saberes, e, portanto, existir e agir na sociedade.

A reprovação do aluno é feita quando o mesmo não aprendeu o mínimo do que deveria. O máximo e o mínimo são estipulados, como já o foi dito, pelo professor e pela sociedade, uma vez que a cultura, por ela é estabelecida de acordo com o meio que se faz presente.

Mas quem realmente deveria estipular e saber o limite de conhecimento, o sistema ou o próprio aluno?

Qual o mínimo e qual o máximo de conhecimento?

Será que o aluno irá e deve aprender ou decorar?

Passados os conhecimentos e comprovado que os foram ensinados, através das avaliações, os alunos recebem o Diploma, que os ascendem socialmente e lhes propiciam melhores oportunidades pessoais e profissionais.

O diploma eleva as pessoas hierarquicamente, mas será que quem não o tem realmente não sabe nada e não se faz digno de recebê-lo mesmo que não tenha continuado seus estudos?

Segundo Durkheim o conhecimento é adquirido apenas no âmbito escolar, já que o são pré-estabelecidos, selecionando e organizando as transmissões de ideias logicamente.

Mais uma vez, se tem discordâncias a respeito da tese. Tudo o que não esteja ou não seja pré-definido não o é considerado como conhecimento?

Desconsiderando-se, por hora, o conhecimento histórico aprendido na escola, como concreto, qual a diferença entre o respectivo e o conhecimento de vida, aprendido e vivenciado fora dela, nos ambientes do dia a dia da criança, analisando pelo viés científico e neurológico?

 Émile Chartier diz que a escola é o lugar em que o aluno raciocina sem se distrair. Considera o ato de aprender como uma cerimônia e acha necessário que o professor se mantenha distante dos alunos.

Há inúmeras condições e ambientes propícios à distração do aluno na escola, quem o garante que não o façam?

Não há distinção dos alunos, pois os métodos não variam ao longo das classes sociais, de uma mesma classe ou na sala de aula.

A preocupação é mais com a variedade e quantidade de informações do que com a formação do pensamento reflexivo.

Nessa abordagem não há ensino individual, a classe é considerada como um todo, pois se o existisse, enquanto se ensinasse àquele aluno específico, os outros entrariam em defasagem.

A fim de evitar e solucionar tal problema definiu-se que todos aprendessemm da mesma forma, com os mesmos materiais, no mesmo tempo, enfim, padronizou-se o ensino e tudo que a ele se refere.

Mas padronizar o ensino não quer dizer que todos aprenderão da mesma forma e no mesmo tempo, com a mesma facilidade, pois cada indivíduo possui suas próprias características físicas, mentais e psicológicas.

Em síntese, a Abordagem Tradicional é um antigo método de ensino que ainda se faz presente nos dias atuais, mas que não se modificou e que serve de base para as outras abordagens, que desconhece e proíbe a interação afetiva – no sentido de tornar-se amigo, de ajudar – com o aluno, e que se caracteriza por métodos frios, desatualizados, descontextualizados.

A devida abordagem tem a importância de auxiliar o professor, juntamente com as outras abordagens ou quando não houver outra maneira de ensino, servindo, portanto, como base e não como único método de ensino.

Para que mudemos a educação em nosso país, é preciso renovar o quadro de professores, pois são em grande maioria, veteranos irredutíveis, cansados e preguiçosos, dando oportunidade a novos professores, dispostos a darem aulas expositivas e fundidas por todas as abordagens.

É necessária também, a criação de novas leis que sejam claras, justas e que se façam valer de fato, incluindo a reformulação das LDBs e dos PCNs.

As mudanças no sistema brasileiro de educação não serão cogitadas e vigoradas em curto prazo, há muitos pontos em questão, os quais precisam ser analisados e postos em prática com bastante calma, seriedade e dignidade.

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