top of page

Escrevo-te este poema

embriagado de inspirações

vindas de ti, meu tema

a mais bela de todas as emoções.

Mas quem és tu? Descobrirei...

tamanha perfeição,

um enigma a decifrar.

Com o tempo em teu coração chegarei

e tua identidade acharei.

És pianista e cantora

se já não bastasse, és também

compositora e escritora.

Confesso, tão bela e pura Alma

me seduziu... e a uma grande paixão

entregou-se minha admiração.

Teu olhar a sussurrar

doces palavras do teu Eu,

teu sorriso a paquerar

meu coração – e fazê-lo teu.

Tua voz a serenas melodias cantar

com teus gestos a brincar

atento fiquei a observar.

Teus talentos e tua cultura

sempre a impressionar

em êxtase hão de me deixar.

Teu suave e refinado caminhar

hipnotizado me deixou.

No palco a cantar

deu um show.

O olhar durante a canção

para um lugar direcionou

e outro mundo imaginou

juntos viajamos na ilusão.

Bastou a primeira nota cantar

para eu só te escutar.

Logo uma apresentação solo

tornou-se um dueto emocional

entre tua Alma e meu Coração.

Mãos ao piano dedilhar

o lirismo consegue expressar

querendo entender e idealizar

a real visão do Mundo...

Noite de magia

findar-se não deveria.

Em pleno sonho, aguardo-te

para despertar e outra vez

contigo viajar.

Viagem no Sarau

Francisco, meu avô

Visto apenas como mais um

entre tantos...

Cidadão honesto,

trabalhador modesto.

As mãos calejadas

daquele sofrido marceneiro,

aparentavam seu esforço

exercido com paixão e perfeição.

Sempre ao nascer do sol

abria o portão e saia,

com sua bicicleta

e uma pesada caixa de ferramentas na garupa.

Se punha o sol

mais um dia chegava ao fim.

No caminho de casa

voltava para seu pequeno Mundo

e na Vida pensava.

Todos os dias a mesma rotina cumpria.

Desta vez o portão

não seria mais aberto

quanto menos fechado.

Acabaria, assim, as idas e vindas

do grande gladiador.

Não é a hora!

Pela última vez o portão foi aberto

não pelo velho homem das madeiras,

mas pelo jovem neto.

A cada giro da fechadura

os ferros da grade se torciam,

inundando a calçada

de um líquido vermelho.

Vendo-o deitado a minha frente,

cercado por lindas rosas.

Ao redor, muitos que

de sua Vida fizeram parte

a lavar seu novo lar com rios de lágrimas.

O portão que não mais se abrirá

também jamais se fechará.

Eternamente as lembranças

por ele passarão e pelo quintal correrão.

bottom of page